Duas Rodas
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05/12/2013
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01h00
Honda vai dobrar produção de scooters
Fábrica quer acabar com espera pelo PCX 150; veículo tem imagem mais amigável que as motos
MÁRIO CURCIO, AB | De Sumaré (SP)
Os bons resultados deste ano com o Lead 110 e o novo PCX 150 levarão a Honda a aumentar o foco de sua fábrica de Manaus nos scooters, esses modelos com aparência geral semelhante à das antigas Lambrettas, comuns entre os anos 1950 e 1970.
“Vamos dobrar nossa produção desses veículos”, afirma o gerente comercial da Honda, Alexandre Cury. Isso deve ocorrer já no começo de 2014, sem que haja grandes remanejamentos na fábrica. “Teremos de aumentar a nacionalização de componentes para cumprir o Processo Produtivo Básico”, diz Cury. A ação também visa a reduzir as filas de espera do PCX 150, que têm entre 30 e 60 dias.
A Honda fechará 2013 próxima dos 70% de participação nesse segmento. “Temos percebido que esses veículos são capazes de atenuar a ‘guerra urbana’ entre carros e motos e reduzir ‘pré-conceito’ no trânsito”, afirma. A forma menos polêmica de explicar esse pré-conceito é que motoristas e pedestres olham os scooters com mais carinho (ou menos rejeição) do que as motos.
O gerente comercial também revela entusiasmo pelo sucesso do PCX 150. O modelo chegou à rede no fim de maio com preço sugerido de R$ 7.990 e já atinge média mensal de emplacamento acima de 1.170 unidades. O volume é melhor que o do Lead 110, que custa R$ 6,1 mil), mas tem média mensal de 792 unidades. Cury admite a ampliação da linha de scooters, mas diz não haverá um novo modelo no ano que vem.
Além de crescer nesse nicho, a Honda também vai ampliar sua atuação no segmento de alta cilindrada dos atuais 35% para 42% em 2014 com a nova linha formada pelas motos CB500F, CB500R e CB500X. “Queremos chegar a 50% nos próximos anos (...) A nova linha vai preencher um buraco que havia entre a Falcon (400 cc) e a Hornet (600 cc)”, diz o executivo.

Honda Lead 110 tem tabela de R$ 6,1mil e registra média mensal de 792 unidades. “Scooters talvez atenuem a ‘guerra urbana’ entre carros e motos”, diz o gerente comercial, Alexandre Cury (fotos: divulgação e Mário Curcio)
BAIXA CILINDRADA E AS INCERTEZAS DE MERCADO
No ano de 2013, a Honda se segurou com promoções, lançamentos e conseguiu reduzir em parte os efeitos da restrição ao crédito, que afeta sobretudo o segmento de baixa cilindrada. De janeiro a novembro o emplacamento de motos no País caiu 8,3% em relação ao mesmo período de 2012. No caso da Honda, esse recuo foi menor, de 7%.
Ainda assim, Cury lamenta o ano difícil: “Foi ruim para a fábrica, a área de pesquisa e desenvolvimento e fornecedores (...) E como dependemos de itens importados, a mudança do câmbio nos afetou. E nosso cliente também é impactado pela inflação.”
Sem cravar um número, Alexandre Cury acredita em um pequeno crescimento em 2014, mas a Copa do Mundo deve prejudicar a venda de modelos de baixa cilindrada: “O produto motocicleta terá como um de seus fortes concorrentes o televisor, que tem aumento significativo na demanda em ano de Copa. Com prestações semelhantes, moto e TV devem disputar o bolso de um consumidor com orçamento mais apertado, que não permite a escolha de ambos.”
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