Para acompanhar a evolução das demandas do consumidor a indústria automotiva precisa ir além da inovação incremental e tirar o foco do produto para oferecer receita recorrente com serviços. Quem defende este caminho é Eduardo Peixoto, Chief Designer Officer do Cesar, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, hub privado de inovação que trabalha com foco em tecnologias da informação, da comunicação e com design para ajudar empresas e profissionais a acompanharem a transformação digital.
Com esse olhar, Peixoto defende que o carro seja encarado como uma plataforma de software, um agente de conectividade, não como um produto analógico. O principal desafio da indústria automotiva no novo contexto é dominar esta interface com o cliente. “Quem fabrica começa a perder força no mercado e diminuir suas margens, enquanto ganha espaço quem faz a entrega do serviço de mobilidade e oferece a interface, como a Uber e o Google, por exemplo”, enfatiza. Se há uma boa notícia nesse cenário, é que não é tarde para as empresas automotivas se posicionarem:
“Há carros que contam com 70 computadores de bordo. A oportunidade de inovação, de se posicionar como uma plataforma tecnológica, é imensa. O automóvel passa a ser um link permanente entre a indústria e o consumidor”, diz.
Peixoto entende que o caminho é olhar o automóvel como uma base de serviço atualizável, fugindo do estático e analógico. Ele reconhece que esta virada de chave é bem mais difícil do que pode parecer. “Há barreiras gigantes. Uma delas está no fato de que o setor automotivo é dominado por engenheiros mecânicos e de produção. É essencial atrair especialistas em cibersegurança, data analytics e engenharia de comunicação”, enumera.
PARCERIAS PARA DETECTAR NOVOS NEGÓCIOS
Segundo Peixoto, um primeiro passo importante para qualquer empresa que atua no segmento é olhar além da inovação incremental tecnológica e industrial. “As empresas precisam criar áreas de novos negócios e abrir o olhar para entender de onde trazer receitas diferentes, fazer parcerias, se movimentar”, conta. Ele sugere a criação de uma frente para estes projetos exploratórios, um espaço que permita à empresa experimentar, errar e corrigir sem prejudicar seu negócio principal.
Trabalhar em parceria com empresas de diversos setores na construção destas novas frentes é uma das atividades do Cesar. A iniciativa nasceu em 1996 como uma forma de criar uma economia local para profissionais de tecnologia, evitando que estas pessoas precisassem sair de Pernambuco para trabalhar. Do projeto surgiu o Porto Digital, um dos grandes polos de inovação do Brasil. Peixoto calcula que hoje o Cesar empregue 500 colaboradores, com faturamento de R$ 100 milhões por ano e um ecossistema que reúne 320 empresas.
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