“O futuro da mobilidade não é sobre o automóvel. É sobre fazer a gestão de dados, ser ágil e entender o consumidor”. É assim que Guilheme Arruda, head do Google Brasil para a área automotiva, projetou a transformação dos negócios no setor nos próximos anos durante o evento Smart Future promovido pela companhia na segunda-feira, 7, para discutir os desafios da nova mobilidade.
Segundo ele, o potencial de lucratividade de empresas como Uber e Lyft já é maior do que o das fabricantes de veículos tradicionais. Ele calcula que atualmente as montadoras ficam com apenas um quarto das receitas geradas no transporte de pessoas, deixando de fora uma série de oportunidades de negócios.
“Enquanto as montadoras lucram um centavo de dólar por milha dirigida, as plataformas de mobilidade já têm margem de 10 a 25 vezes maiores”
Arruda aponta que a indústria é fortemente atingida pela tendência de gerar negócios com a oferta de serviços, não com a venda de produtos. É a tal da “servicização”. O desafio, alerta, é que este novo mercado tem elasticidade de preços menor: as pessoas tendem a pagar cada vez menos. “A grande busca é por como compensar esta diferença. Vai ganhar espaço quem for capaz de deter mais informações sobre o consumidor”, diz.
ECOSSISTEMA DE MOBILIDADE
Como muitas empresas automotivas já começaram a concluir, Arruda defende que nenhuma organização será capaz de desenvolver sozinha todas as respostas necessárias. “Para se manter relevante e ágil, é essencial criar um ecossistema de mobilidade”, enfatiza. Entre os exemplos de quem está trabalhando com este olhar, o head do Google cita a Uber, que conta com uma série de colaborações com empresas como Nasa, Boeing, FCA e Embraer.
Outra referência relevante, aponta o executivo, é a chinesa Didi Chuxing, controladora da 99 no Brasil. “São feitas 30 milhões de viagens por dia na plataforma. O faturamento da companhia é equivalente ao de uma montadora, alcançando US$ 80 bilhões em 2018”, conta. Para chegar tão longe, a empresa usa amplamente recursos de inteligência artificial, automatização da condução e uso estratégico dos dados dos consumidores, lembra Arruda.
Este é um caminho que também deveria atrair fabricantes de carros, entende. Ele cita um estudo da McKinsey que estima queda de 38% nas receitas tradicionais da indústria automotiva. “Por outro lado, é esperado crescimento de 56% das receitas vindas de oportunidades disruptivas. Para aproveitar isso, no entanto, é preciso conhecer bem o consumidor e ter uma abordagem inovadora”, conta.
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